Sábado deveria ser o dia oficial de dormir até tarde. Divida entre essa idéia e a idéia de acordar cedo, praticar exorcismo atividade física ou ir ao clube, resolvi ficar dormindo até mais tarde mesmo. Acordei com uma dor de cabeça que estava me matando, mas isso só seria estranho se eu não fosse a Maria-cachacinha-do-bairro. Ou seja, dor de cabeça ao acordar aos finais de semana, até aí normal. O pior é que eu acordei sentindo um cheiro estranho vindo da cozinha. Revistei tudo até descobrir o fogão apagado, mas com o gás aberto vazando. Antes de checar a cozinha, liguei a TV e só mais tarde descobri que tudo poderia ter explodido, caso o gás tivesse vazado mais um pouco. Isso é o que eu chamaria de uma programação explosiva na TV.
Brincadeiras à parte, não tinha escolha, ou eu caminhava prá Luz asfixiada pelo gás, ou a casa todo explodia e eu ia conversar com São Pedro sobre as mudanças climáticas no teti-à-teti mesmo.
Aí imaginem vocês o quanto eu fiquei agradecida por Deus poupar a minha vida não deixando que nada de mal me acontecesse? Amém Gente! É claro que seria mais fácil, que Deus não deixasse que alguém esquecesse o gás aberto ao invés de eu encontrá-lo e fechar, mas assim eu não aprenderia uma valorosa lição, certo? Cof cof cof! Teoria estranha, mas eu nem vou discutir, afinal ele é Deus! Puta cargo bacana, diga-se de passagem.
Pois muito bem, achando que tudo o que poderia dar errado naquele final de semana fatídico já havia acontecido, fui toda pirilampa e traquinas encontrar alguns amigos e agitar uma baladinha. Afinal de contas depois de dispensar o paletó de madeira eu tinha motivos de sobra para bebemorar.
Chegamos à festa e lá pelas tantas uma pessoa muito, mas muito obesa perdeu a noção do espaço (se é que algum dia ela teve) e pisou no meu pé. Nessa hora, eu ouvi aquela vozinha interior que todo mundo ouve quando acha que vai morrer:
– Não caminhe para a Luz!
E eu lá vendo a festa inteira girar. Depois que passou a dor, me senti pior ainda, vendo a marca do salto da vaca pessoa no meu pé. Vê se pode?
Com tantos acidentes num dia só resolvi que não ia deixar a Luz me levar mesmo, por mais que tentasse.
Apenas para fechar com chave de ouro e me sentir uma Highlander por um dia, foi a vez de eu mesma me machucar sozinha: Cortei o pé na escada que dava acesso ao banheiro e numa simples tentativa de coçar o olho acabei levando um capote histórico. Cair não é o problema, até aí, super normal ralar o joelho, ficar roxa e ainda ainda levar um banho de “egénético”. O mais histórico e surpreendente é levantar e descobrir que como um bom bêbado que se preze, você fez o que pôde para defender o copo e o precioso líquido contido nele. Heleninha Roitman ficaria orgulhosa dessa alma que vos escreve.
Enfim minha gente, não adianta tentar entender porque essas coisas acontecem. A verdade é que por mais misteriosos que sejam as armações os desígnios de nosso Senhor, eu sobrevivi afinal! E o mais importante é fazer o impossível, mas não caminhar para a Luz, de jeito nenhum.
Amém Gente!